terça-feira, 12 de agosto de 2008

A felicidade

Colhamos um texto em galego, redigido no galego normativo oficial. Assim, este mesmo, sem ir mais longe:

A miña felicidade está soñando
nos ollos da minha namorada,
é como esta noite
pasando, pasando,
en busca da madrugada,
falen baixo, por favor,
pra que ela acorde alegre como o día
ofrecendo beixos de amor.

É-che curioso. A mim soa-me isto de algo. Nom sei, como umha cançom ou algo assim. Vamos fazer um experimento. Vamo-lo escrever com ortografia portuguesa. A ver que passa.

A minha felicidade está sonhando
nos olhos da minha namorada,
é como esta noite,
passando, passando,
em busca da madrugada,
falem baixo, por favor,
pra que ela acorde alegre como o dia
oferecendo beijos de amor.

Arre carainas, se isto vai ser a famosa Felicidade de Vinicius e Jobim. Pero, como pode ser? Estes brasileiros por que escrevem as suas canções em galego?

O que ocorre é que, como todos sabemos, o português e o galego som línguas claramente diferenciadas, nom é? Daquela, como é isso de que alguém poda escrecer oito versos, oito, numha língua e resulte que o ressultado seja idéntico a se se puxer a escrever noutra língua distinta? Que mo expliquem, plis.

Noutro momento falaremos das terríveis diferenças entre o português "oferecer", (documentado amplamente em Galiza, e nom só na Idade Média) e o galego "ofrecer". Por certo, também se pretendia hai tempo que era mais galego dizer "esprito", "pra" e cousas assim... olha, mas se "pra" também o dim os brasileiros (e os portugueses).